Orestes Quércia (PMDB) e Marta Suplicy (PT) tiveram um encontro secreto em São Paulo. Apararam arestas do passado. E esboçaram um acordo para as eleições municipais de 2008.
Deu-se depois da viagem que a ministra do Turismo fez à China. Ela retornou ao Brasil na última terça-feira (1). No encontro com Quércia, disse estar de acordo com a idéia de ele indicar o candidato a vice-prefeito de São Paulo.
A oferta já havia sido feita a Quércia pelo presidente do diretório estadual paulista do PT, Edinho Suilva. Mas o mandachuva do PMDB queria ouvir da boca da cabeça de chapa.
Em 2004, ano em que Marta perdeu a prefeitura paulistana para José Serra (PSDB), desenhara-se um acerto semelhante. Quércia foi, porém, surpreendido pelo veto que a candidata petista impôs a nomes que indicara para a vice.
Na época, Marta preferiu apresentar-se ao eleitor com uma chapa “puro sangue”, como dizem os políticos. Foi às urnas o também petista Rui Falcão a tiracolo. Perdeu. Agora, privadamente, parece soar mais maleável.
Fez-se a reunião às escondidas porque Marta, ainda instalada na cadeira de ministra do Turismo, prefere não posar de candidata à luz do Sol. O repórter apurou que, por ora, Quércia não levou à mesa os nomes que oferecerá ao PT como alternativas para a vice.
Ao relatar a um amigo o resultado da reunião subterrânea, Quércia soou como se tivesse levado ao freezer o veneno que intoxicava suas relações com Marta e o PT: “Em política, se você for levar em conta essas coisas, complica tudo. Eu disse a ela: Vamos esquecer o que passou e avaliar a possibilidade daqui pra frente.”
Se depender da vontade do PT, o “estreitamento da inimizade” renderá frutos no curto, no médio e no longo prazo. É com esse horizonte amplo que o dirigente petista Edinho Silva, prefeito de Araraquara, conduz a tentativa de entendimento com Quércia.
Entre quatro paredes, Edinho diz que, para medir forças com a parceria PSDB-DEM, o PT tem de formar "um bloco" com o PMDB em São Paulo. Supõe que, juntas, as duas legendas, já casadas em Brasília, têm como estruturar o que costuma chamar de “projeto de longo prazo para São Paulo.”
Numa perspectiva de dois anos e meio, o projeto que mais seduz Quércia é o de obter um assento no Senado. Em 2010, expiram os mandatos de Aloizio Mercadante (PT) e Romeu Tuma (PTB). São essas duas vagas que o eleitor paulista terá de preencher.
Quércia quer uma delas. Mercadante, que disputará a reeleição, deseja a outra. Numa tentativa de evitar ruídos, Edinho Silva esteve, na semana passada, com o companheiro Mercadante. Cutuca daqui, pondera dali, o dirigente estadual prometeu ao senador o manteria a par de todo o desenrolar da negociação co m Quércia.
Do lado petista, há um denso otimismo. Ali, a reunião da candidata a prefeita com o candidato a padrinho do vice funcionou como uma espécie de “divisor de águas.” No quintal peemedebista, o timbre é um tanto mais comedido.
Em privado, Quércia reconhece que “as coisas foram encaminhadas”. Mas, escaldado com o PT, põe de molho, à falta de barba, o queixo proeminente. Conserva um olho na porta que lhe foi aberta por Marta e outro na saída de emergência. Cortejam-no, além do PT, o PSDB de Geraldo Alckmin e o DEM de Gilberto Kassab.
Fonte: Blog do Josias
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