Ingrid Betancourt é resgatada com sérios problemas de saúde

Governo colombiano anuncia resgate de Ingrid Betancourt e outros 14 reféns

Das agências internacionais
Em Bogotá (Colômbia)
Atualizado às 17h42

O governo da Colômbia anunciou nesta quarta-feira o resgate de Ingrid Betancourt, três reféns americanos e de outros 11 seqüestrados que estavam sob o poder das Farc.

De acordo com o ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, o resgate foi realizado em zona de selva a 72 km da capital do departamento de Guaviare, em uma operação realizada pelas forças armadas colombianas. Os reféns estão em boas condições de saúde, informa o ministro.

"Seguiremos trabalhando na libertação dos demais seqüestrados. Fazemos um apelo aos atuais líderes das Farc para que não se matem, libertem os outros reféns e não sacrifiquem seus homens", disse Santos.

A senadora e então candidata à presidência da Colômbia Ingrid Betancourt foi seqüestrada pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) no dia 23 de fevereiro de 2002, junto com sua companheira de chapa Clara Rojas. A ação aconteceu perto de San Vicente del Caguán, 740 km ao sudeste de Bogotá, durante o governo de Andrés Pastrana.

Já os três norte-americanos, Thomas Howes, Marc Gonsalves e Keith Stansell, eram trabalhadores a serviço da Departamento de Defesa dos EUA em missão antidrogas que foram seqüestrados quando o avião em que estavam caiu na Colômbia em fevereiro de 2003.

As Farc, que chegaram a contar com 17 mil membros, hoje estão localizadas em áreas remotas da selva, com cerca de 9.000 combatentes. Só neste ano, a guerrilha já perdeu três líderes.
  • Alain Keler/Reuters

    No dia em que foi seqüestrada (23.fev.2002), Betancourt aparece com soldados colombianos

  • Reprodução/AP

    Betancourt aparece pela segunda vez em vídeo divulgado pelas Farc em agosto de 2003


Repercussões
A irmã de Betancourt, Astrid, disse a uma rádio colombiana que "foram longos anos de espera" pela liberdade da irmã.

Lorenzo Delloye-Betancourt, filho de Ingrid, disse que sua soltura após seis anos de cativeiro é "a notícia mais bonita de minha vida, se for verdade".

O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Fernando Araújo, que passou seis anos como refém das Farc, se declarou emocionado pela libertação de quinze pessoas.

Já na França, país que vinha fazendo grandes esforços em favor da liberdade de Ingrid, Herve Marro, porta-voz de um grupo de apoio disse: "eu gostaria de agradecer a todos os envolvidos, incluíndo o presidente Nicolas Sarkozy".

Deputados franceses de todos os grupos parlamentares comemoraram a libertação de Betancourt e pediram que os reféns que permanecem nas mãos das Farc não sejam esquecidos.

O seqüestro de Betancourt
A franco-colombiana Ingrid Betancourt foi seqüestrada em 2002 e virou símbolo dos acordos conflituosos entre as Farc e o governo colombiano. Nas eleições em que Betancourt concorria como candidata à presidência, foi eleito Álvaro Uribe, partidário da linha dura com a guerrilha.

Já no poder, Uribe revela um plano para enviar rebeldes presos ao exterior, com apoio da França, em troca da libertação de seqüestrados políticos. A troca seria de 45 reféns, incluíndo Betancourt por 500 guerrilheiros presos.

Em 9 de julho de 2003, a França envia um avião a Manaus, na Amazônia brasileira, para uma eventual libertação de Betancourt, numa operação secreta que fracassa.

Em dezembro de 2004, o presidente colombiano Álvaro Uribe liberta 23 guerrilheiros para destravar o bloqueio a um acordo. No dia seguinte, as Farc pedem a libertade de 500 rebeldes.
  • Marc Gonsalves...

  • Thomas Howes...

  • ... e Keith Stansell.

    Eles eram trabalhadores a serviço da Departamento de Defesa dos EUA em missão antidrogas.

    Foram seqüestrados em fevereiro de 2003 quando o avião em que estavam caiu na Colômbia.



Um ano depois, em 13 de dezembro de 2005, França, Espanha e Suíça propõem negociar a troca de reféns por prisioneiros em uma pequena propriedade rural no sudeste da Colômbia, com observação internacional. Uribe aceita. Mas em 2 de janeiro de 2006, a guerrilha diz desconhecer a proposta européia e considera que negociar seria favorecer Uribe, que estava em campanha para reeleição.

Uribe é reeleito para um segundo mandato. No início de 2007, Uribe diz ante a cúpula da polícia que o ano será "crucial para resgatar os seqüestrados". A França e a família de Betancourt se opõem a uma operação militar.

Em 28 de abril, o policial John Frank Pinchao, que partilhava o cativeiro com Betancourt, consegue escapar e conta que ela permanece num acampamento na selva do sudeste da Colômbia.

Em 6 de maio, em seu primeiro discurso após ser eleito presidente da França, Nicolas Sarkozy afirma que não esquecerá da sorte de Betancourt. No mês seguinte, Uribe começa a liberar mais de 120 guerrilheiros, entre eles o chamado "chanceler" do grupo, Rodrigo Granda, cuja liberdade foi solicitada por Sarkozy.

Em 17 de agosto, o presidente venezuelano Hugo Chávez aceita fazer a mediação entre as Farc e Uribe. Três meses depois, porém, Álvaro Uribe suspende a mediação de Chávez junto aos rebeldes, acusando o presidente venezuelano de ingerência nos assuntos internos da Colômbia.

No final de dezembro do ano passado, a guerrilha anunciou a intenção de entregar a Chávez a ex-deputada Consuelo González, a ex-candidata a vice-presidente Clara Rojas e o filho dela, Emmanuel, nascido em cativeiro. A decisão é um ato de "desagravo" ao afastamento do venezuelano da negociação.

Em 10 de janeiro, as Farc libertam as duas políticas em uma região na selva do departamento de Guaviare. No começo de fevereiro, o anúncio de mais três libertações. Em 27 de fevereiro, são entregues os ex-parlamentares Luis Eladio Pérez, Orlando Beltrán, Gloria Polanco e Jorge Eduardo Gechém.

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