Eleições 2008 em São Paulo

Grupo de Serra reúne assinaturas para deter Alckmin

Nos subterrâneos, PSDB vive sua mais grave crise em SP


O PSDB de São Paulo marcou para 22 de junho sua convenção. Informou-se que o encontro cumpriria a formalidade de homologar a candidatura de Geraldo Alckmin.


Não é bem assim. Sem alarde, o grupo do governador José Serra recolhe assinaturas para levar à convenção tucana um projeto alternativo à candidatura municipal própria.


Trama-se aprovar uma coligação tardia do PSDB com o DEM do prefeito Gilberto Kassab, candidato à reeleição. Ao tucanato caberia a indicação do vice.


Há três dias, reunido com a cúpula nacional do DEM, em seu apartamento, Kassab informou que o abaixo-assinado tucano pró-coligação já reúne 570 jamegões.


A ser verdade, faltariam algo como 30 assinaturas para alcançar a maioria na convenção do PSDB, composta de 1.200 delegados. Um desastre para Alckmin.

Kassab mantém-se informado acerca da coleta de assinaturas por meio de um interlocutor bem-posto: o tucano Aloísio Nunes Ferreira.


Aloísio é secretário de Governo da gestão Serra. Mantém com o governador um relacionamento do tipo unha e cutícula.


Animado, Kassab reuniu-se com Orestes Quércia, presidente do PMDB paulista. Na presença do dirigente ‘demo’ Jorge Bornhausen, combinaram o seguinte:

Na convenção do DEM, marcada para 14 de junho, oito dias antes da reunião do PSDB, só o nome de Kassab será ratificado. A vaga do vice ficará reservada para um tucano.

A combinação com Quércia foi necessária porque Kassab lhe havia prometido a primazia na indicação do vice, caso o plano de desbancar Alckmin fizesse água.

Sentindo o cheiro de queimado, o presidente do diretório paulistano do PSDB, José Henrique Reis Lobo, pôs-se a enviar, há dois dias, carta aos convencionais tucanos.

Aos que ainda não rubricaram a lista urdida no Palácio dos Bandeirantes, o tucano Lobo pede que se esquivem de assinar.

Aos correligionários que já apuseram seus jamegões na lista, Lobo roga para que mandem apagar os rabiscos.


Oficialmente, Serra e Aloísio Nunes negam que a articulação anti-Alckmin traga as suas digitais. Lorota, a julgar pelo que diz Kassab entre quatro paredes.

A simples existência do abaixo-assinado intoxicou de vez as relações dos grupos de Alckmin e Serra. Abriu-se no PSDB paulista crise de desdobramentos imprevisíveis.

No limite, a encrenca pode desaguar na Executiva nacional do partido. Se a lista pró-Kassab vier a prevalecer na convenção tucano do dia 22, o grupo de Alckmin vai agir.


Para assegurar a candidatura de Alckmin, cogita-se requisitar uma intervenção de Brasília no diretório de São Paulo. Algo que, por ora, o senador Sérgio Guerra prefere nem cogitar.

“A direção nacional apóia o encaminhamento que vem sendo dado pelo Lobo, nosso presidente no município de São Paulo”, diz Sérgio Guerra, dirigente máximo do PSDB.

“Nosso candidato será o Geraldo [Alckmin]. A convenção vai sacramentar o nome dele. É com essa perspectiva que estamos trabalhando”, acrescenta o presidente nacional tucano.

Integrantes do grupo de Alckmin dizem que a ala de Serra blefa ao dizer que dispõe de 570 assinaturas. As adesões à composição com Kassab não passariam de 400.

Tenha 570 ou 400 rubricas, a lista que corre os subterrâneos do PSDB expõe um flagelo cada vez mais associado ao tucanato: a divisão interna.

Escrito por Josias de Souza


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