Bate papo com Marta Suplicy

Marta: ‘Eu me arrependo de algo que fiz, as taxas’

  • Qual é o principal problema de São Paulo? ‘O trânsito’
  • Aumentará a carga tributária? ‘Vou diminuir as taxas’
  • Deixará a prefeitura em 2010? ‘Quero ficar oito anos’
  • Por que se acha melhor que adversários: ‘Pelo perfil’
  • Tem imagem arrogante? ‘Às vezes desconfio que sim’
  • Como lidará com o ‘relaxa e goza’? ‘É página virada’



Antônio Cruz/ABr


Prefeita de São Paulo entre 2001 e 2004, a petista Marta Sulicy foi ao bolso do contribuinte. Criou taxas para o lixo e para a iluminação pública. Aumentou o IPTU.



Ao tentar se reeleger, foi batida pelo tucano José Serra, que se tornaria governador dois anos mais tarde. Por que perdeu?



“Acho que cometemos erros de verdade, como a tributação”, diz Marta no instante em que se apresenta ao eleitor paulistano, de novo, como candidata.

Ela falou aos repórteres Alessandro Duarte e Alvaro Leme. Na entrevista, promete: “Vou diminuir as taxas [...]. A cidade vive outro momento, gente!”



Do alto de seus 63 anos, Marta apresenta-se como candidata capaz de prover a “nova atitude” que, segundo ela, São Paulo precisa. Vai abaixo um extrato das declarações:



– Por que quer voltar a ser prefeita? São Paulo precisa de uma nova atitude. Vejo minha cidade numa situação caótica no trânsito, com uma administração que não ousou o suficiente para atender a suas demandas. Creio ter as condições de dar respostas aos problemas gravíssimos enfrentados pelos paulistanos. Politicamente, tenho mais acesso ao governo federal, por ser do time do presidente.



Qual é o principal problema da cidade? Sem querer ignorar a situação difícil na saúde e na educação, diria que é o trânsito. O que pretendo fazer? Recuperar a capacidade de gestão da CET e ampliar o bilhete único, que pode ganhar duração semanal, mensal ou até anual. A longo prazo, construir mais corredores de ônibus e linhas de metrô [...].



- Como ex-prefeita, não se julg co-responsável pelo caos no trânsito? Pelo contrário. Enfrentamos a máfia de dirigentes do transporte para reformular os contratos das empresas com a prefeitura. Havia ônibus com mais de dez anos e perueiros clandestinos enlouquecidos pelas ruas. Implantamos o bilhete único, que virou um modelo para todo o Brasil. Criamos 100 quilômetros de corredores, enquanto a atual administração construiu 7 [...].



- Cogita instituir o pedágio urbano e ampliar o rodízio? Nossas propostas passam pelo lado oposto. Quero que quem usa o transporte privado se sinta atraído por um transporte de qualidade [...]. Quanto ao metrô, perdemos muito tempo [...]. Se tivéssemos hoje R$ 10 bilhões para investir no metrô, não haveria licitações prontas ou projetos. De que chamo isso? Falta de planejamento.



– Compromete-se a não aumentar o IPTU e a não criar outras taxas? Vou diminuir as taxas. Já mandei um grupo estudar formas de reduzir a tributação para o cidadão paulistano. Não sei ainda que imposto será usado. A cidade vive outro momento, gente! Quando comecei minha gestão, São Paulo tinha dívidas gigantescas. A receita de que dispunha era metade da atual.



- Vai cumprir o mandato até o final? Assinar papel com uma garantia dessas ficou desmoralizado na última eleição, não? Tenho idéia de, se eleita, pleitear um novo mandato. Oito anos [...]. Se é para entrar na briga, que seja para deixar uma coisa mais consolidada.



- Então, não vai disputar o governo ou o Planalto em 2010? Mais que isso. Estou falando que penso em ficar oito anos na prefeitura.



– Por que se acha melhor do que Alckmin e Kassab? Pelo perfil. São Paulo é moderna, nervosa, agitada. Precisa de alguém ousado, criativo e inovador. Se for ver o que o Alckmin fez como governador, não daria para aplicar nenhum desses adjetivos à sua gestão. O Kassab continuou, de forma muito modesta, o que eu havia iniciado [...].



– Do que se arrepende de não ter feito na primeira gestão? Eu me arrependo de algo que fiz. Das taxas. Muito. Mas não havia recursos. Nossa administração foi bem difícil no começo, porque pegamos um momento pós-Maluf e Pitta. Uma cidade completamente depredada, em ruínas [...]. Agora, olhando em retrospecto, eu me arrependo das taxas, sim. Apesar de termos boa intenção, a população já havia enfrentado aumento no IPTU e se sentiu penalizada.



- Por que não foi reeleita em 2004? É uma questão que me coloquei muitas vezes. Acho que cometemos erros de verdade, como a tributação. E as pessoas acreditaram na proposta do outro, que prometeu fazer melhor o que a gente já fazia.



- Como contornar na campanha a rejeição à sua imagem? Acho que você amadurece, em primeiro lugar. E acredito que as pessoas, depois de quatro anos, tenham avaliado melhor a posição que assumiram naquele momento. O machismo também pesa.



- Acha que a separação de Eduardo Suplicy e o casamento com Luis Favre pesou na rejeição? Foi um item a mais num caldeirão que se colocou contra mim, mas não teve peso substancial. Hoje, a maioria das famílias tem alguém separado. Senti falta de pessoas que falassem em meu favor [...]



– Como vai lidar com a exploração do ‘relaxa e goza’? Considero uma página virada, no sentido de que foi uma frase infeliz, pela qual pedi desculpas horas depois. Acho que a grande maioria da população entendeu a situação em que disse aquilo e me perdoou. Uma vida pública de vinte anos não pode ser destruída por uma frase infeliz [...]. Quem é que nunca disse uma frase infeliz?



– Acha que tem uma imagem arrogante? Às vezes desconfio que sim. Algumas pessoas, depois de me conhecer, contam que me imaginavam muito diferente. Quando tento entender, vejo que era por me acharem arrogante. Mulher é assim: se é gentil e doce, classificam de incompetente. Se é firme e forte, chamam de arrogante. Se tem poder, então, vira insuportável. E você não pode exercer o poder se não for firme. É uma imagem que nós, mulheres, vamos ter de conquistar e mudar [...].



Fonte: Blog do Josias


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